Ortorexia: compreenda a obsessão por alimentação saudável
A importância da alimentação saudável Uma alimentação saudável é fundamental para a saúde do corpo e da mente. Além de prevenir doenças, uma dieta equilibrada melhora a qualidade de vida e a disposição.
No entanto, é importante ter cuidado para não desenvolver transtornos alimentares, como a Ortorexia, que ocorre quando uma pessoa busca uma alimentação excessivamente saudável.
Alertas dos especialistas sobre a Ortorexia. A Ortorexia é um problema cada vez mais comum, afetando principalmente adolescentes e adultos jovens, entre 16 e 25 anos. Essas pessoas restringem sua alimentação, vida social e convívio familiar, acreditando que apenas um tipo específico de alimento é benéfico para a saúde.
Esse comportamento alimentar começa como uma mudança gradual, mas com o tempo se torna excessivo e patológico. Pode estar relacionado também à vigorexia, em que o foco está exclusivamente no cuidado físico e no tamanho do corpo.
Embora seja positivo praticar atividade física e ter uma alimentação saudável, quando isso se torna uma obsessão, torna-se um problema.
Origem e características da Ortorexia A Ortorexia é uma forma de transtorno alimentar restritivo evitativo, que tem sido descrito há décadas, principalmente em crianças com transtorno do espectro autista. Inicialmente, era caracterizado pela seletividade alimentar devido a características físicas como textura, cor e sabor dos alimentos.
Ao longo dos anos, esse transtorno evoluiu e passou a ser influenciado por padrões impostos pela sociedade e pelas mídias sociais.
A palavra "orto" significa "correto" em grego, e "rexis" significa "apetite". Portanto, Ortorexia significa "apetite correto". Registros sobre a Ortorexia como um possível transtorno patológico datam da década de 1990.
É importante ressaltar que restrições alimentares por motivos religiosos não são consideradas patológicas, desde que sejam inseridas em um contexto cultural e aceitas socialmente, sem causar danos físicos ou psicológicos.
Alimentação saudável versus bem-estar social A partir dos anos 1990, surgiram os primeiros registros de pessoas com desnutrição devido à evitação de nutrientes essenciais. Isso ocorreu paralelamente ao incentivo social ao consumo de alimentos mais saudáveis, como orgânicos e livres de agrotóxicos, e ao movimento do veganismo.
É importante ressaltar que nenhum desses movimentos é patológico por si só. No entanto, quando várias crenças se somam, as pessoas começam a restringir cada vez mais alimentos em sua dieta, o que pode se tornar uma obsessão.
Isso ocorre em diferentes momentos e já houve obsessões com glúten, lactose, detox, entre outros.
Por exemplo, algumas pessoas se recusam a usar talheres que já foram usados com alimentos considerados inadequados, como se estivessem contaminados.
Outras deixam de ter vida social porque só consomem alimentos difíceis de encontrar em restaurantes ou eventos. Há também aquelas que levam sua própria comida para todos os lugares, consumindo apenas alimentos considerados "puros".
É importante destacar que qualquer patologia mental é uma intensificação de preocupações normais. Preocupar-se com a qualidade dos alimentos que consumimos e com a atividade física é normal. No entanto, quando isso se torna exagerado, torna-se um problema e, potencialmente, um transtorno patológico no futuro.
Diagnóstico e tratamento da Ortorexia Normalmente, são os familiares que buscam ajuda para a pessoa com Ortorexia, já que ela acredita que seu comportamento é normal e saudável.
O diagnóstico correto requer a exclusão de outros transtornos psiquiátricos que possam estar associados, como esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo e quadros ansiosos e depressivos.
O tratamento da Ortorexia envolve ampliar o repertório alimentar e melhorar a qualidade nutricional da pessoa. Em seguida, é necessário prevenir as alterações causadas por esse comportamento, por meio de tratamento médico antidepressivo para reduzir a angústia decorrente da transição alimentar.
No entanto, o diagnóstico da Ortorexia ainda é desafiador devido à linha tênue entre uma alimentação saudável e um comportamento patológico em torno das crenças individuais sobre o que é considerado saudável, muitas vezes baseadas em relatos nas mídias sociais.
Existem poucos estudos sobre o tema e poucos métodos terapêuticos disponíveis, assim como poucos centros especializados no tratamento desse transtorno. Portanto, é fundamental adotar uma abordagem multidisciplinar, com o apoio de psiquiatras, nutricionistas e psicólogos.