Alergia de pele pode ser desencadeada pelo estresse?


Você percebe manchas avermelhadas na pele, inchaço ou coceira quando está muito estressado? E você atribui esses sintomas ao esgotamento mental? Mas será que existe alergia causada pelo estresse?

O Dr. Renan Augusto Pereira, médico alergista e imunologista do Núcleo de Alergia e Imunologia do Hospital Moinhos de Vento, esclarece esse tema. Confira abaixo a entrevista completa com o especialista e tire todas as suas dúvidas sobre o assunto:

Muitas pessoas percebem uma piora em suas alergias de pele quando estão passando por momentos de estresse ou ansiedade. Existe alguma relação entre eles?

Dr. Renan Augusto Pereira: Isso vai depender do tipo de alergia que estamos falando. Algumas doenças de pele não têm relação com o estresse, como a dermatite de contato. No entanto, outras, como a urticária crônica espontânea e a dermatite atópica, podem piorar em períodos de maior estresse.

No entanto, é importante ter cuidado: o estado psicológico ou a patologia psiquiátrica não é a causa dessas doenças, eles são apenas fatores que podem agravar as crises, especialmente se o tratamento adequado não estiver sendo realizado.

Isso significa que é necessário tratar essas doenças alérgicas com terapia ou medicamentos para depressão e ansiedade, por exemplo?

Dr. Renan Pereira: Uma avaliação psicológica sempre é válida nesses casos. Esses tratamentos são extremamente importantes para a abordagem multidisciplinar dessas doenças.

Sabemos que a coceira no corpo é um dos sintomas que mais afeta o sono, o desempenho escolar e no trabalho, além do convívio social e afetivo, causando ansiedade, depressão e, em casos graves, até mesmo pensamentos suicidas. Portanto, além de otimizar e tratar a doença de pele, é necessário também tratar todas as consequências psicológicas que ela traz e melhorar a qualidade de vida do paciente como um todo.

Como diferenciar e diagnosticar essas alergias de pele?

Dr. Renan Pereira: Tudo começa com uma consulta médica, onde será realizada uma entrevista detalhada com o paciente e um exame físico completo. Já tratei indivíduos que acreditavam ter alergias relacionadas ao estresse, mas na verdade estavam com uma doença completamente diferente.

Em certos casos, serão necessários alguns testes para fazer um diagnóstico mais preciso, como exames de sangue, de imagem, testes alérgicos na pele ou até mesmo uma biópsia cutânea.

O que pode ajudar o paciente? A melhora do estilo de vida, como a prática de exercícios físicos e a adoção de uma alimentação saudável, contribui para o tratamento?

Dr. Renan Pereira: Quando falamos de doenças crônicas de pele, sabemos que raramente um tratamento isolado é eficaz.

É necessária uma combinação de fatores para a melhora do paciente, como tratamentos tópicos contínuos e, em crises, tratamentos sistêmicos (orais ou injetáveis), além de educação sobre a doença e uma avaliação consciente dos fatores desencadeantes dos sintomas, bem como a escolha de um estilo de vida saudável.

Isso significa que um corpo bem alimentado, descansado e ativo funciona melhor em todos os aspectos, inclusive no que diz respeito ao desenvolvimento de possíveis inflamações cutâneas.

Qual é a dica para quem está sofrendo com alguma alergia na pele?

Dr. Renan Pereira: A dica é procurar a ajuda de um profissional capacitado e atencioso. O médico, seja um alergista, um dermatologista, um pediatra ou um clínico geral, precisa ouvir suas queixas, realizar um exame adequado e se comprometer a ajudá-lo.

É importante lembrar que essas doenças crônicas de pele são complexas e, em muitos casos, leva algum tempo para obter uma melhora satisfatória. No entanto, existem várias abordagens que podem ser adotadas na Medicina. O ideal é ter um acompanhamento médico regular e contínuo.